quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

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"O físico e o fisiológico", a tese do amigo Andrei Lauer

Com as coberturas esportivas deste mês – o Congresso da Fifa, o WTA, o clássico e os desdobramentos dele – estou com pouco tempo de escrever, mas tento sempre registrar aqui sentimentos, pensamentos e sensações dos treinos; ideias sobre a prática da corrida; e curiosidades.

Nesta últimas duas semanas os treinos têm sido bem puxados, com aumento de volume gradativo visando a meia-maratona do final do mês que vem. Semana passada encarei tiros do 800 metros na segunda, fartlek na quarta e longo de 15kms no sábado; essa semana foram tiros de 600 na segunda, tem fartlek entre hoje e amanhã e longo de 17kms no sábado.

Sábado passado eu sofri bastante no longo. Fiz com o amigo Andrei Lauer, que trabalha com o pessoal da Latin, e garanto que se não fosse a parceria dele talvez tivesse largado antes. O problema foi a questão fisiológica, que é a química do corpo e aquilo que eliminamos e precisamos repor mesmo durante o treino. Fiz o treino na seca, sem água nem reposição de carboidratos, mesmo sabendo que tinha tudo pra dar errado.

Fomos 7,5 e voltamos 7,5kms e a segunda perna do longo estava sofrida. Me senti sem forças e fazendo um esforço enorme para suportar a corrida. Não foi legal, mas sempre se tira alguma conquista, mesmo quando as adversidades são maiores. Já desde o 10kms eu estava me sentindo assim travado de pernas.

Andrei foi me puxando nessa volta e fazendo uma conversa positiva sobre enganar a mente, daquelas que a gente já conhece, mas que sempre funcionam. O cara tá muito bem. Tá fazendo 15kms de brincadeirinha. Já eu estou ainda na reconstrução. Mas voltando ao treino, na minha mente sempre que estou assim travado e com dificuldades eu penso em ir só mais um km. Assim vou me enganando de forma consciente. De mais um km em mais um km eu chego à distância que tenho que chegar.

Consegui correr os 5kms finais mesmo assim travado e ao final dos 15 fiz uma reposição rápida. Já na primeira meia hora depois do treino estava recuperado. Como Andrei mesmo disse “é o fisiológico e não o físico. O Físico te trouxe até aqui e o fisiológico quase te fez parar” – e foi bem isso. Acrescento ainda que ter um longo caminho de quase nove anos de corrida também ajuda muito nessas horas. A consciência dos problemas sempre facilita na hora de resolver. Meu único medo foi com as panturrilhas, que estavam pedindo trégua por causa da falta de água.

Mas foi bom de todo jeito. A superação também constrói para o alcance do objetivo final. Sábado tenho longão de 17km em pleno carnaval. Como eu não sou muito da folia, não tem problema.


Abraços 



sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

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Minha primeira Maratona

Hoje faço mais um resgate aqui no blog. Não poderia deixar de postar aqui o relato da minha primeira maratona, em 2008. Até hoje esse texto mexe comigo. Espero que curtam!

Abraços


Curitiba, jamais te esquecerei...


Eram mais ou menos 12h08min do Domingo, dia 23 Novembro de 2008. Virei a curva saindo da rua Presidente Carlos Cavalcanti e entrei na Avenida Cândido de Abreu. A minha frente e abaixo estava uma placa que marcava 41 KM. Coloquei as mãos na cabeça e comecei a chorar. Olhei para o horizonte e avistei a linha de chegada. Eu estava exatos 1 km 195 metros distante de finalizar minha primeira Maratona. Pensei “Não acredito! Eu consegui! Vou terminar essa loucura!!!”

Meus passos, que já não estavam mais tão firmes, se tornaram ansiosos e mais rápidos. Com todo o cuidado que podia ter, eu segui naquele último trecho. O último quilômetro. Tantas coisas passam pela cabeça durante a Maratona inteira, mas naquele quilômetro final as coisas se confundem. É um misto de ansiedade, de dor, de emoção, de lembranças, de realização...

Pensei em muitas coisas. E chorava. Primeiro, de forma contida. Depois eu desabei mesmo. Pensei na minha lesão que me acompanhava e era meu grande medo nessa primeira Maratona ( tive uma fratura por estresse na canela esquerda em Novembro do ano passado. Algo que voltou a me incomodar na preparação para a Maratona). Pensava no último grande treino que eu não fiz, porque falhei em Salvador, na Bahia. Era um treino de 32 kms em que eu quebrei e abandonei no 17º km. Isso foi no final de Outubro. Pensava nas minhas pessoas queridas da vida. Meus irmãos, minha mãe, meu pai, minha família. Pensava nos amigos especiais que foram suporte pra tudo isso.

Aquele último quilômetro é algo indescritível. O povo de Curitiba fazia um corredor humano de calor. Palavras de incentivo, que foram a tônica durante toda a prova, se multiplicaram ali, naquele corredor. Ia chegando, passo a passo. Cruzei a marca de 42 kms, já entre as arquibancadas construídas ali no funil de chegada. Faltavam 195 metros. Ouvi uma voz distante – “Faraaacooo!!! Era meu parceirão de corridas, o Marcos Alexandre, com a máquina na mão pra registrar o momento e vibrar comigo.

Lembro de ter acelerado um pouco mais e ter sentido um espasmo, um princípio de câimbra na panturrilha direita. Segurei, porque era tudo que eu não precisava naquela hora. Cruzei a linha de chegada chorando e vibrando, como se estivesse comemorando um gol. Estava sentada a minha frente outra colega, a Adri que disse – “Faraco, tu é o meu herói”. As palavras ficam marcadas. O momento fica marcado. Cada instante fica forte na memória. Caí no choro de verdade e abracei a Adri. Depois veio o Marcos pra me cumprimentar também. Foi sensacional.

A Maratona começou às 8 da manhã. A largada reservava ainda muitos momentos escondidos pelos distantes próximos 42 quilômetros, das próximas 4 horas. Saímos juntos, eu e meu colega de treinos e Maratona, Alexandre. Juntou-se a nós um colega de Florianópolis que eu não sei o nome, mas que foi um parceirão também (hoje em dia eu sei. Foi o Paulo, da Tribo do Esporte). Os primeiros quilômetros foram na prevenção. Eu e o Xande éramos maratonistas de primeira viagem, então estávamos nos poupando e com medo de não conseguir finalizar a prova. Corremos pra 6 minutos o quilômetro em média.

Eu tinha uma preocupação especial. Minha canela! Estava com um tênis bem em dia, que era novo, mas que não era apropriado para longas distâncias. Então o início seria fundamental pra sentir como estava a canela e ter confiança. Eu senti me incomodar um pouco, mas já sabia como era administrável a sensação. Não era dor. Era apenas a minha lesão antiga dizendo – PRESENTE! – como se respondesse a uma chamada de colégio. Ela tinha que estar lá mesmo. Mas fui em frente e aos pouco aquilo, o desconforto, foi desaparecendo.

Até o 21º quilômetro segui com o Xande e com o parceiro conhecido/desconhecido de Floripa. Ele (o Paulo) era muito engraçado. Xingava cada um dos motoristas que ousava buzinar pra reclamar do trânsito parado na cidade. E discutia e tudo. Só não parava de correr. O Xande parecia minha consciência me dizendo pra ter calma. “Calma Faraco, ainda não é hora de arriscar”. Ele não dizia, mas cada vez que olhava o Xande ali ao lado eu lembrava disso e pensava na frase comigo mesmo. Foi muito importante pra me dar segurança.

Quando passamos na marca do 17º quilômetro eu pensei: “foi pro espaço aquele maldito treino de Salvador!!!”. Pronto! Um dos traumas estava superado. Mas então, quilômetro 21. Neste ponto veio a confiança. Eu estava inteiraço e correndo bem. Tive a certeza de que terminaria a prova. Não sei o porquê, mas foi o ponto da confiança. Então eu desgarrei. Desgarrei do Xande e do parceiro de Floripa. Abri na frente puxando um ritmo mais forte. Estava pra 5 – 5:15 cada quilômetro. Quanta confiança! Era eu comigo mesmo e rumo ao final. Restam só 21, só 20, só 19... Pensava assim!

Mas isso durou até o quilômetro 29. Foi quando quebrei de verdade. Travei geral. Sabe quando se fica travado de musculatura? Mas não era só musculatura, não! Eram as articulações também. Agora eu sentia doer cada parte do meu corpo da cintura pra baixo. Principalmente os Joelhos batidos e batidos por 29 quilômetros. Foi difícil, porque sabia que ia acontecer a quebra, mas esperava que não acontecesse. Pelo menos assim, faltando ainda 13 kms.

A partir daí o que conta é o mental. Me recusei a uma coisa – era regra – não podia andar! Tinha que fazer correndo a Maratona inteira! E assim eu fiz. Nem pensei em andar. Minha cabeça dizia: “Eu quero! Eu posso! Eu vou!”. Isso era sempre. A cada instante uma vitória nova. O sol era forte nesse momento. Já era quase 11 horas da manhã e os quilômetros finais reservavam muitas subidas.

Neste ponto da Maratona cada placa de KM novo é esperada com muito mais intensidade. Cada placa de novo KM é uma vitória. Passei a placa 30, vou atrás da 31. Passei a 31, vou atrás da 32. Passei a 32, vou atrás da 33... E assim vai passando. Lembro que na placa 34 tinha uma senhora bem feliz e ela gritava “Vamô gente, vocês são heróis! Parabéns, parabéns! Falta pouco!”. Cada grito desse de incentivo dava uma força enorme.

A prova foi passando e cheguei ao km 38. Não acreditava no que via pela frente. Era a pior subida da Maratona inteira. Estava dividida em DUAS partes no Viaduto do Capanema. Passei por um senhor e comentei – “que covardia que eles reservaram pra gente nesse ponto da corrida, hein!”. Ele respondeu: “Agora é na moral!”. E fomos. Subindo e seguindo um ao outro.

Cheguei ao alto e ouvi uma voz conhecida. Era o Marcos me esperando pra registrar essa foto que vocês podem ver aqui. Lembro que ele me disse: “Vamô cara! Faltam só 3kms e meio para realizar o sonho”. Eu retruquei: “estou morto!”. Mas era passo a passo. Sem parar e sem sequer pensar em parar até o fim - que vocês já conhecem.

Realizar a minha primeira Maratona foi algo extraordinário. Fiz a prova em 4horas 16 minutos e 06 segundos. Ficou um pouco acima do que eu havia estabelecido pra mim, mas a vitória foi terminar. Terminar uma prova como essa é algo que te dá muita força pra vida. Uma satisfação enorme. Uma sensação de conquista e de poder. A superação é tamanha – você esteve sempre acima dos limites do seu corpo. Lembro de ter pensado no tamanho da estupidez daquele desafio lá pelo quilômetro 33. Mas são pensamentos ruins e bons, que vem e vão a todo o momento durante as horas de corrida.

Eu tenho muito a agradecer. Agradeço especialmente aos parceiros Marcos e Alexandre, que foram irmãos de verdade na conquista. PARABÉNS XANDE!!! Obrigado MARCOS!!! Mas a conquista é dedicada a minha família, mãe, irmãos e pai ( todos me ligaram – são uns amores). Ainda há espaço pra palavras de carinho pra grandes pessoas, como o Osni, o Daniel, a Aline(hoje minha esposa), o Victor, a Adri... Todos parceiros corredores, que estiveram comigo nos momentos de treinamentos e com os quais dividi angústias, duvidas e certezas. UM BEIJO NO CORAÇÃO DE TODOS.

Podem ter certeza. Hoje sou um homem mais feliz e mais realizado – completei minha primeira Maratona. O curioso dessa história: na minha cidade natal, minha (?) Curitiba, que nunca vivi, mas que jamais esqueci, que jamais esquecerei.

Abraços
Faraco



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

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Treinos de corridas - Boas respostas

Depois de mais algumas sessões de treinos, com musculação e bike na academia, e corrida, nos treinos regulares, as respostas começam a aparecer.

Fiz um ótimo treino de 8 kms no final de semana entre o Estreito e o Itaguaçu. Era o meu “longo” da planilha de descanso, intercalando duas semanas fortes com uma mais fraca. E nesta segunda já voltei pra pancadaria da planilha forte com 8 tiros de 800 metros.

No treino de 8 kms sai mais leve e fui soltando aos poucos. No terceiro km já estava num ritmo super bom perto de 5:00 por km. Pra um treino leve estava ótimo. Nesse dia o diferencial foi a força das pernas. Pude sentir muita diferença. Musculação e bike têm esse objetivo – me deixar com a perna forte/resistente pra me fazer render melhor na corrida. Meu objetivo final é sempre a corrida.

Nesta segunda, o treino assustava com os 8 tiros de 800 metros. Mas até que passou bem. É claro que lá pelo terceiro tiro a gente começa a sentir uma vontade de parar. É claro que nos últimos dois tiros a perna já está travada e no piloto automático. Mas era importante terminar. Os paces ficaram em torno de 4:30-4:40, o que me deixou satisfeito.

O que fica deste período é que o recondicionamento físico está funcionando. As pernas estão voltando a ter força e os ritmos voltam a baixar. Além disso, o que é mais importante, a corrida não está tão sofrida como esteve nos últimos tempos.


abraços



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

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No horário que dá!

Ontem fui correr as 22h40. Foi o horário que me restou. E tive uma sensação de que estava de volta ao velho apartamento da Agronômica, quando eu ainda morava sozinho e saia pra correr nos horários mais malucos.

Lembro que o treino mais fora da casinha que eu fiz foi numa madrugada entre domingo e segunda-feira. Eu tinha voltado do programa de domingo na TV, o Show de Bola, que terminava às 23h. Cheguei em casa por volta de umas 23h30 e até sair para correr já era meia-noite. E era um treino de uma hora. Então eu iria terminar perto de 1 da madruga.

Naquela época eu nem ligava. A única regra de segurança pra esses treinos era nunca passar duas vezes no mesmo lugar. Ia por cima na Lauro Linhares e voltava pela beira-mar. Não passava pelos mesmos lugares pra não correr o risco de algum gaiato me marcar na ida e tentar me assaltar na volta.

Hoje em dia tenho mais receio de sair nestes horários mais avançados, até porque as responsabilidades são bem maiores com minha família, agora com dois filhos lindos pra cuidar. Mas às vezes não há escapatória E o vácuo dos compromissos meus e da Aline me empurra para uma única brecha de noite.

O treino de ontem era bem simples, fui 20, voltei 20, em 40 minutos totais de treino leve. Fiz perto de 7kms de corrida. Estou numa semana de recuperação.

Hoje tem musculação e amanhã corrida de novo – e já estou começando a planejar em qual horário vou ter que fazer... é provável que de noite de novo. Só não avisem pros gaiatos!


Um abraço



segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

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As "quebras" existem - toca adiante!


Nem sempre as coisas dão certo. Como disse no post anterior, há dias que são não. E não adianta insistir.
Estou dizendo isso para relatar que minha corrida deste domingo não deu muito certo. Tinha previstos 13kms e no final das contas fiz 10kms e sofridos.

A distância não é lá essas coisas – apesar de que qualquer distância mereça respeito. Mas já fiz 13kms muitas e muitas vezes. A questão é sempre o “como fazer”.

Estou numa fase em que quero dificultar as coisas. Testar a resistência é a mandamento agora. E mais uma vez fui pro sol de 35ºC pra correr meu treino. Fiz tudo como da outra vez, planejando o antes e o durante. Só que dessa vez o sol me pegou.

O engraçado é que os batimentos ficaram sempre bons e controlados – geralmente em torno de 150, com picos de 155.

O que me fez parar foi que parecia que eu estava torrando num forno a céu aberto. Era meio dia e eu estava na beira-mar. Até tinha um ventinho, mas não deu mesmo. 

As quebras são assim mesmo. Pra quem não está familiarizado com a expressão, “quebra” é gíria de corredor pra dizer que não deu certo, que algo saiu do prumo e seu treino ou sua corrida simplesmente foi pro saco.

O que se tem que fazer é assimilar a quebra, entender que elas acontecem, e tocar adiante.
Que venha o próximo treino! 

Aliás, hoje é dia de olhar a planilha e saber o que me reserva a semana.

Abraços



sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

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Sensações da Corrida

Por um pedido da minha esposa, resolvi resgatar alguns textos do blog antigo - textos que trazem significados sobre a corrida.

O texto que escolhi hoje é de 2008 e fala justamente sobre as diferentes sensações nos treinos e nas corridas. É um conceito que todo corredor sabe - há dia que sim e há dias que não. E quanto mais você vencer os dias que não, melhor vai ser o seu prazer nos dias que sim.

Fiz algumas adaptações para contextualizar melhor o momento em que escrevi esse texto.

abraços


Dias bons...dias ruins


Quem pratica esporte sabe o que isso significa.

Há sempre "dias bons" e "dias ruins". Em muitos sentidos.

Quando olho pela janela do meu apartamento e vejo o que estou vendo hoje - céu claro, sol, dia perfeito - já é meio caminho andado para um "dia bom". Um "dia bom" para as corridas, para a prática de algum esporte.

Mas esse conceito de "dias bons...dias ruins" é maior, é mais amplo. Um "dia bom" também pode ser um dia de chuva. Aquele dia fechado, carrancudo, com aquela chuva chata...

Um "dia bom" para um corredor, na verdade, é aquele dia em que estamos soltos, querendo jogo, corpo leve e sensação do que chamo de "túnel de vento" - que é quando se entra numa espécie de piloto automático.

Quando comecei a correr, em 2006, precisava de uns 2 ou 3 quilômetros pra estar solto. Hoje em dia depende muito do dia mesmo. Tem dia que já saio bem e leve, em outros fico preso o tempo inteiro. É bem assim...são "dias bons" e/ou "dias ruins".

Cada vez que tenho uma prova pela frente fico pensando justamente nisso..."tomara que seja um dia bom". Porque correr contra a vontade do corpo é bem mais difícil.




As fotos aí em cima representam justamente DOIS dias bem diferentes.

A primeira, a foto da esquerda, é de um "dia bom"...foi nos 10k realizada junto com a Maratona de Santa Catarina de 2007. Foi um dia em que estava solto, concentrado...fiz a prova passar rápido....foi muito boa essa corrida. 10 quilômetros em 45 minutos 7 segundos....média de 4:30 por quilômetro.

A segunda foto, a da direita, representa um "dia ruim". Corrida do Corpo de Bombeiros também em 2007 - 10 quilômetros de prova. Meu corpo não estava afim de jogo, não estava afim de corrida. Pra piorar saí correndo muito forte, muito rápido. No terceiro quilômetro eu queria largar a prova. Não fosse a insistência do meu treinador, eu teria largado. O curioso é que a partir do 6º km eu dei uma soltada, o que me ajudou a seguir até o final. Mais curioso ainda foi o resultado - praticamente o mesmo do "dia bom" - 10 quilômetros em 45 minutos e 9 segundos. Média de 4:30 por quilômetro também.

Entenderam a diferença? Vocês podem fazer exatamente a mesma coisa com mais prazer, ou menos prazer. Vai sempre depender de estar no "dia bom" ou no "dia ruim".

Abraços



quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

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Maldito Zatopek

Você já deve ter ouvido falar em Emil Zatopek, pelo menos naquelas chamadinhas da Globo, com Léo Batista e o túnel do tempo do esporte.

Zatopek é uma referência histórica das corridas. O Tcheco Nasceu em 1922 e morreu em 2000, e foi campeão olímpico dos 5 mil, dos 10 mil e da maratona, na mesma olimpíada – Helsinque, na Finlândia, em 1952.

Mais do que isso, O Tcheco foi o inventor de um método de treinamentos que até hoje é muito utilizado nas corridas: o treino de tiros, o intervalado.

E é aí que entram os meus xingamentos. Estava ontem no 15º tiro de 400 metros na beira-mar e me lembro de ter começado a xingar de forma veemente o maldito Zatopek. Mas ao mesmo tempo me lembrava de que faltavam só mais três tiros para terminar minha sessão de treino. Mas era coisa pra caricas e eu já tava quase vomitando ao final dos tiros.

Ao mesmo tempo também, lembrava que muitas vezes Zatopek fazia suas sessões de intervalados até enjoar. As sessões dele chegavam ao extremo de 60 tiros de 400 metros, o que representa mais do que três vezes o que eu estava fazendo ontem.

Mas como escrevi aqui na semana passada, aprendi a fazer esses treinos intervalados com o passar dos anos. Se fosse em outros tempos talvez eu tivesse feito o primeiro muito forte e não conseguisse terminar todo o treino. Quando você faz o início muito forte, a pena trava logo depois e, realmente, não dá pra terminar.

Mas fiz todos na mesma faixa de tempo, até os mais duros, que são aqueles do final, quando já se está muito cansado.

Fiz os três que restavam sem vomitar, mas enjoando muito no final. E lembro de ter soltado mais uns três xingamentos.

18 tiros de 400m é muita coisa. O treinador ainda tenta te enganar colocando na planilha que são 3x6 tiros de 400m, mas na verdade o que conta pra quem está fazendo é o total de 18. Cheguei em casa moído, mas feliz com a missão executada. E pra quem quer alcançar novas metas e objetivos tem que ser assim mesmo.

Viva Zatopek, aquele maldito!

abraços



domingo, 2 de fevereiro de 2014

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11 Km para 36

Certamente, quando viram este título, muitos dos meus amigos corredores, daqueles mais competitivos, correram pra ler o que seria isso. Não pode ser! Faraco correndo 11 km em 36 minutos? Tá voando o “deigraçado”!

Bem que eu queria, mas não é nada disso. Os 36 do título são 36 graus de calor na rua.
Foi o que fiz neste domingão – um treino de 11 kms num calor de 36ºC. E foi de propósito. Planejei fazer assim. Queria me testar nesse calorão. Testar minha resistência. E acho que passei no teste.

O final de semana foi planejado pra isso. No sábado tomei cuidados especiais com a hidratação porque queria estar bem no domingo pra suar bastante no calor infernal que estamos atravessando aqui em Floripa.
Neste ponto você deve estar se perguntando a razão de se expor a uma condição dessa. Eu explico. 

Sempre gostei de treinar no calorão. Nos grandes anos de 2007 e 2008 eu treinava sempre no horário entre meio-dia e 15h. Eu me sinto bem com o sol, com o calor. Tenho uma boa relação, uma boa troca. Isso varia muito de pessoa para pessoa. Parei de treinar neste horário por causa do Debate Diário, da CBN Diário – que passei a integrar como titular em 2009. O Debate é ao vivo e das 13h às 14h.

Mas voltando ao treino, saí de casa por volta de 12h30min e fui direto pela beira-mar do Estreito em direção a Coqueiros. Queria ir 5,5 kms e voltar 5,5 kms para totalizar os 11 que tinha que fazer. Levei meu cinto de hidratação, que tem 4 garrafinhas. Todas saíram de casa devidamente congeladas, mas no segundo km já estavam até morninhas.

Fui num ritmo leve, de trote. E fui monitorando os batimentos para sempre saber se houvesse alguma alteração importante. Os quatro primeiros kms foram bem tranquilos. Os batimentos tinham picos de 155 e o ritmo era constante em torno de 5min45seg por km. Mas o negócio estava esquentando.

A primeira parada técnica foi no km 5. Parei numa sombrinha para me dedicar à hidratação. Já vinha tomando água com pequenos goles desde o primeiro km, mas parei ali pra tomar um pouco mais. Segui em frente e acabei indo mais do que os 5,5km planejados. Fui uns 6kms direto. Mas aí veio a má notícia. A água das minhas garrafinhas acabou.

Corri mais dois kms assim até fazer uma nova parada. Desta vez parei num posto de combustíveis, ali em Coqueiros. Comprei uma Coca-cola e uma garrafinha de água. A coca-cola é um excelente repositor nestas horas. Aprendi isso com os treinos e o tempo de corrida. A garrafinha ficaria na mão para os 3kms que faltavam.

A Coca me renovou as forças. O pace já estava em 6min por km, mas a energia estava de volta. Terminei bem, finalizando já bem perto de casa, num treino bem planejado e seguro.

Treinar no sol tem muitos riscos. É preciso saber com o que se está lidando. É preciso planejar. Levei água e levei dinheiro pra qualquer emergência. Deu tudo certo. Monitorar os batimentos me dava também a segurança de que meu organismo estaria dentro daquilo que é normal. A gente conhece as reações com o tempo de treino.

Fiquei satisfeito com o resultado final. Percebi que estou bem de resistência. O termômetro de Coqueiros marcava 35 na ida e 36 na volta. E fugir do calor ultimamente está difícil mesmo, em qualquer horário. Estou pronto pra encarar.


Um abraço 



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

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Na largada e na chegada

Conheci a Aline, minha esposa, dentro da academia. Ainda entre o final de 2007 e o início de 2008. Eu estava machucado – tinha um princípio de fratura na canela esquerda – e não podia correr. Me “internei” na academia em aulas de bike do professor e colega Osni Frech Jr., que, curiosamente, hoje me dá aulas de bike novamente.

Corrida Pedra Branca, ano passado
Fazia aulas três vezes por semana e ela também. Aline estava começando a se envolver mais com o esporte para perder peso e ganhar qualidade de vida. Nessa convivência diária ficamos amigos e comecei a arrastá-la para a corrida também.

Dai para um relacionamento mais sério não demorou muito e posso garantir que a corrida fez esse envolvimento bem mais fácil e sólido. Aline diz que se inspirou em mim e nos textos que eu escrevia sobre corrida. Eu posso dizer que muitas vezes ela é meu combustível, meu incentivo para correr.
De lá pra cá, casamos, temos filhos – Rodrigo e Julia, que, se tivermos sorte, um dia seguirão nossos passos – e seguimos unidos pela corrida. Estamos sempre planejando corridas juntos, apesar de não conseguirmos mais treinar juntos. Fazemos revezamento de filhos e treinos. Nas corridas a gente conta com o auxílio dos pais dela, os avós queridos da Julia e do Rodrigo.

Essa foto foi tirada na virada do ano de 2008 pra 2009, na orla em Salvador-BA
Já fizemos algumas provas juntos, principalmente a São Silvestre, que ajudou a nos unir. Aliás, a maior lembrança que tenho dela é justamente nessa prova e em uma edição que ela não correu, mas foi como se estivesse comigo. Foi em 2008, quando corri a São Silvestre pela primeira vez. Ela comprou minhas passagens sem me avisar e depois praticamente me ordenou que fosse. Depois da prova, que foi especial porque fiz muito bem e por ser a primeira, fui ao encontro dela no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e seguimos para Salvador, onde passamos a virada do ano.
Essa foto registra nossa semana em Salvador, no início de 2009

A última corrida que fizemos juntos foi a Night Run Costão do Santinho, no sábado passado. E quase todo dia ela me vem com uma história que tem uma provinha aqui e outra ali que a gente poderia fazer – sempre sonhando e planejando novas viagens. Neste mês já falou em fazer uma prova no Peru e depois veio com outra história do México. No final, fazemos a maioria das provinhas aqui em Floripa mesmo.


Prova do sábado passado, Night Run Costão do Santinho
Mas o que vale é estarmos juntos, seja em casa cuidando dos filhos, seja nos treinos divididos e revezados, ou nas provinhas aqui ou ali. Aline é minha equipe, minha equipe completa, na largada e na chegada.

Pra ela, um beijo - te amo, meu amor

Pra vocês, o de sempre
Um abraço



terça-feira, 28 de janeiro de 2014

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Começou a pancadaria

A foto é antiga, mas vale pra ilustrar o texto
Hoje é meu último dia de férias do trabalho. Amanhã estarei de volta à rotina diária, que me consome muito durante todo ano. São horas na rádio e na TV diariamente, uma coluna pra escrever, e isso demanda tempo de apuração também, e os jogos que não param nunca. Essa é a pancadaria do trabalho que, repito, reinicia amanhã.

O que já recomeçou foi a pancadaria dos treinos.

Ontem pude sentir um pouco do que me aguarda neste ano de desafios. Foram 12 tiros de 400 metros num intervalado bem cansativo de final de tarde na beira-mar. Fazia tempo que não sabia o que era isso. Semana que vem essa série vai ter mais seis de 400, totalizando 18 intermináveis tiros. Mas é bom! É muito bom! Te fazer sentir ativo, vivo e capaz. Em resumo isso é treinar e treinar nunca é fácil. Ninguém corre 10, 15, 21 km se não se dedicar com muito esforço nos treinos.

Já tive muito medo dos treinos de tiros, depois me adaptei a eles e mudei meu jeito de encarar o treino intervalado. Ontem, na tenda da equipe, uma menina, me disse que detestava fazer. Disse a ela qual era o meu segredo pra esses intervalados: não pensar no todo e sim no próximo tiro. É assim que eu tento fazer. Sempre mais um. O próximo é o que vale. E assim os tiros vão passando um a um.

Acho até que em determinado momento dessa trajetória de treinos e corridas passei a gostar mais dos intervalados do que dos longos de final de semana. Sei lá, o importante é executá-los, ficar em forma e pronto para encarar os desafios.

Mas eu fiquei bem cansado. Quando terminei os tiros voltei pra tenda da equipe, a Newpace, e disse ao treinador, Rodrigo Baltazar, que eu iria deixar passar o trote final de 10 minutos. Ele me devolveu um “ah é? Já fosse melhorzinho, hein!” – foi o suficiente pra que eu partisse para os tais 10 minutos finais de trote.

E é assim. Cada dia um desafio, ou melhor, cada dia vários desafios, alguns no trabalho e alguns na pista de corrida. E tudo vale muito a pena.

Depois eu conto pra vocês como vai ficar minha agenda diária de treinos. Costumo dizer que treino no vácuo dos intervalos de trabalho que tenho. Mas isso vale um outro post.


O que posso dizer é que amanhã, ou eu acordo muito cedo pra treinar - às 5:30h - ou eu não vou conseguir treinar o que tenho na planilha. Isso porque viajo para Criciúma já no primeiro dia de volta ao trabalho.

abraços